terça-feira, 12 de abril de 2011

Ditos Populares

Tudo com dantes no quartel d'Abrantes

Tudo está como antes, nada mudou.

A frase surgiu no início do século 19, com a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica.
Portugal foi tomado pelas forças francesas, porque havia demorado a obedecer ao Bloqueio Continental, imposto por Napoleão, que obrigava o fechamento dos portos a qualquer navio inglês.
Em 1807, uma das primeiras cidades a serem invadidas pelo general Jean Androche Junot, braço-direito de Napoleão, foi Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa, na margem do rio Tejo.
Lá instalou seu quartel-general e, meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes.
O general encontrou o país praticamente sem governo, já que o príncipe-regente dom João VI e toda a corte portuguesa haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém em Portugal ousou se opor ao duque.
A tranqüilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico.
A quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma: “Esta tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.

Fonte:  Flávia Souto Maior


O pior cego é o que não quer ver

Diz-se da pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente. Nega-se a ver a verdade.

Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via.
Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.

Casa de mãe Joana

Onde vale tudo, todo mundo pode entrar, mandar, etc.

Esta vem da Itália.
Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal.
Ao vir para o Brasil a expressão virou “Casa da Mãe Joana”.
A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem, naturalmente.

Santinha do pau ôco

Pessoa que se faz de boazinha, mas não é.

Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro.
O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.

Ficar a ver navios

Esperando algo que não aconteceu ou não apareceu. Esperar em vão.

O rei de Portugal, Dom Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, mas o corpo não foi encontrado.
A partir de então (1578), o povo português esperava sempre o sonhado retorno do monarca salvador.
Lembremos que, em 1580, em função da morte de Dom Sebastião, abre-se uma crise sucessória no trono vago de Portugal.
A conseqüência dessa crise foi a anexação de Portugal à Espanha (1580 a 1640), governada por Felipe II.
Evidentemente, os portugueses sonhavam com o retorno do rei, como forma salvadora de resgatar o orgulho e a dignidade da pátria lusa.
Em função disso, o povo passou a visitar com freqüência o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, esperando, ansiosamente, o retorno do dito rei.
Como ele não voltou, o povo ficava apenas a ver navios.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/

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